sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O mistério do sofrimento e

                                            o  escândalo da morte do justo
                  Jesus, o inocente, dilacerado pelo sofrimento, intercede ao Pai pelos pecadores

Sofrimento - é um mal indevido; ele é universal. A Bíblia leva a sério, não o minimiza, dele se compadece profundamente e vê nele um mal que não deveria ser. Há no universo potências malignas, hostis ao homem, as  da  maldições  de  Satanás. O pecado traz a desgraça ( Pr 18,8;  Is 3,11). No nascedouro  da infelicidade que pesa sobre o mundo tem que colocar-se o primeiro pecado (Gn 3,14-19). Os clamores do sofrimento: o luto, derrotas e calamidades,  a tirania dos que se sentem poderosos, os escravizados, os explorados... no mais das vezes, tais gritos se elavam a Deus.

O escândalo do sofrimento -"A morte atinge improvisadamente pessoas de condições mais diversas; é dolorosamente sentida. Pior ainda é o escândalo da morte do justo e da longevidade do ímpio (Ecs  7,15;  Jr 12,1s). Este mundo é um verdadeiro escalabro da justiça (Ha 1,2-4; Ml 2,17;  Sl 37; 73). Mas nenhum dos tais agentes naturais, nem a natureza, nem o acaso (Ex 21,13) nem a fatalidade da vida do homem, nem a fecundidade funesta do pecado, nem à maldição(Gn3,14;  2S 16,5), nem o próprio Satanás - escapa ao poder de Deus".

Mistério do sofrimento - "Dilacerados pelo sofrimento, mas movidos por sua fé, profetas e sábios entram progressivamente no "mistério" (Sl 73,17). Descobrem o valor purificador do sofrimento, semelhante ao do fogo que separa o metal das escórias (Jr 9,6;  Sl 65,10).  Seu valor educativo é semelhante a uma correção paterna (Dt 8,5;  Pv 3,11s;  2Cro 32,26), e acabam vendo na rapidez do castigo como que um efeito da benevolência divina. O sofrimento e a perseguição podem ser expiação do pecado (Is 40,2). Suscitado pela fé no plano de Deus, o sofrimento se torna uma provação muito elevada, que Deus reserva aos servos de que se orgulha: Abraão (Gn 22), Jó (11,1; 2,5), Tobias Tb 12,13) e Jeremias que passa da revolta a uma nova conversão (Jr 15,10-19). Enfim, o sofrimento tem valor de intercessão e de redenção".

Jesus é inocente,  conhece o sofrimento sob as formas mais temíveis e escandalosas que o desfigurou ao ponto de nem mesmo provocar compaixão e sim horror e o desprezo ( Is 52,14s) 53,3). Há culpa e de proporções inauditas, mas não nele: em nós, em todos nós. Ele é inocente, eis o cúmulo do escândalo. É aí que está o mistério, "o êxito do plano de Deus" (Is 53,10). Inocente, "ele intercede pelos pecadores" ( Is 53,12) oferecendo a Deus não só a súplica do coração, mas a sua própria vida em expiação (53,10),
deixando-se confundir entre os pecadores (53,12) para tomar sobre si as faltas dos mesmos. Todo o sofrimento e todo o pecado do mundo se concentra nele e, porque os suportou com obediência e amor, ele obtém para todos a paz e a cura (Is 53,5).  Os sofrimentos  do cristão são "os sofrimentos de Cristo (nele)" (2Cor 1,5). Se "somos com ele", é "para sermos glorificados com Ele" (Rm 8,17). Cristo se fez solidário com os que sofrem, ele deixa aos seus a mesma lei" ( 1Cor 12,26; Rm 12,15; 2Cor 1,7).

Os sofrimentos do Filho do Homem - "Ele sofre por causa da multidão "incrédula e pervertida"(Mt 17,17 como uma "raça de víboras" (Mt 12,24), sofre com a rejeição dos seus que "não o reconhecem"(Jo 1,11). Chora diante de Jerusalém (Lc 19,41; cf  Mt 23,27); a ideia de sua Paixão (Jo 12,7), seu sofrimento e torna uma aflição mortal, uma "agonia" um combate angustiado e atemorizado (Mc 14,33s; Lc 22,24). A Paixão concentra todo o sofrimento humano possível. Mas a Paixão redentora revela a glória de do Filho (Jo 17,1; 12,31s) ela reúne em torno dele, na "unidade, os filhos de Deus dispersos" (Jo 11,52). Aquele que nos dias de sua vida mortal pôde "vir em auxílio dos que são provados" (He 2,18) quererá no dia do juízo, quando voltar gloriosamente identificar-se com todos os sofredores da terra (Mt 25,35-40).

 Deus quer conceder a vida ao homem pecador: a doença, o sofrimento, revelam ao homem sua qualidade de pecador. Por outro caminho, Deus revela que entrega o pecador à solidão para também suscitar a conversão. Posto a margem da sociedade dos homens, o infeliz então se reconhece em estado de pecado e eles se tornam um apelo à conversão. O cristão vê o sofrimento através de Jesus Cristo, fixando os olhos no autor de nossa fé... que suportou uma cruz (He 12,1s). Cristo se fez solidário com os que sofrem, ele deixa aos seus a mesma lei ( 1Cor 12,26; Rm 12,15; 2Cor 1,7).  Deus não elimina o sofrimento do homem, consola-o (Mt 5,5); não elimina as lágrimas, só seca algumas delas ao passar (Lc 7,23; 8,52), em sinal da alegria que irá unir Deus e seus filhos no dia em que "ele enxugará toda lágrima de todos os rostos" (Is 25,8;  Ap 7,17; 21,4). O sofrimento pode ser uma bem-aventurança, porque prepara para aceitar o Reino, permite "revelar as obras de Deus" (Jo 9.3), "a glória de Deus" e a "do Filho de Deus".

Reflexão: No sofrimento, o homem vê sua pequenez, sua impotência diante da vida, sua condição de pecador, suas misérias espirituais, surgindo aí, a grande oportunidade de interiorização e conversão. Deus quer conceder a vida ao pecador, Ele quer a salvação do homem. "Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor" ( Papa Bento XVI ). "O sofrimento e apenas o sofrimento abre no homem a compreensão interior" ( Gandhi ).
 
Fonte:  -As Escrituras, A Bíblia
            -Vocabulário de Teologia Bíblica - Ed. Vozes
            -imagem: Paixão de Cristo, o sofrimento -  e  cristo_na_cruz
                           

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