sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O pecado, sua malícia e sua dimensão

                               O pecado é o rompimento da aliança com Deus. 
O pecado é o único obstáculo à realização do plano de Deus

"O pecado é essencialmente um ato de desobediência, um ato pelo qual consciente e deliberadamente o homem se opõe a Deus.  Violando um dos seus preceitos, mas além desse ato exterior é também um ato interior, que cedendo à sugestão do tentador, queremos ser como deuses que conhecem o bem e o mal, pretendendo ser os únicos senhores de nossos destinos e dispor de nós mesmos o nosso arbítrio; recusando-nos a depender daquele que nos criou; pervertendo a relação de amizade que nos unia a Deus.
     Por instigação da serpente, Eva e Adão passam a duvidar deste Deus infinitamente generoso: "Não! Não morrereis!" A própria noção de Deus está pervertida. Mal fora cometido o pecado, Adão se dessolidariza  acusando-a, aquela que lhe dera como ajuda, sua mulher (Gn 2,18). Essa ruptura estender-se-á aos filhos de Adão com assassínio de Abel (Gn 4,8)e depois o reino da violência e da lei do mais forte.( Gn 4,24).
   O pecado é uma falta contra a razão, contra a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo.  
  "Se dissermos: 'Não temos pecado', enganamo-nos a nós  mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos nossos pecados, Deus que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça" (1Jo 1,8-9).
     O pecado corrompeu o espírito do homem em relação a Deus e suas consequências são graves em virtude da perversão. Ele se opõe ao amor e a misericórdia de Deus. Com o pecado mudou tudo entre Deus e o homem, esse é o veredito da consciência. Partiu do homem a iniciativa, e a ele a responsabilidade da culpa. Longe de Deus não há acesso possível a 'árvore da vida' (Gn 3,22) resta apenas a 'morte definitiva'. A servidão à qual o homem se condenou, pensando em adquirir independência, é de si definitiva; uma vez que o pecado entrou no mundo se proliferou. Veio do homem a iniciativa da ruptura, mas a iniciativa da reconciliação veio de Deus: bondade de Deus desprezada pelo homem, triunfará vencendo o mal pelo bem. A história da salvação não é senão a história das tentativas incansavelmente repetidas pelo Deus criador de arrancar o homem de seu pecado. Desde o início da criação, Deus vem fazendo alianças com o homem através dos profetas que os enviou. O plano de salvação está consumado na pessoa de Jesus Cristo, seu único Filho.
   O homem que pretende se construir a si próprio, não pode chegar, senão à própria ruína. Assim o povo de  Deus se destrói, quando se desvia dos caminhos que Deus lhe traçou. Afastando-se de Deus, o pecado passou a ser uma realidade concreta com a influência perversa de Satanás: o homem torna-se seu servo, pois "todo aquele que comete pecado é um escravo" ( Jo 8,34).  A variedade de pecados é grande, as Escrituras enumeram listas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, ódio, rixas,ira, divisões, inveja, bebedeiras, orgias, homicídios, corrupção, mentiras, julgamentos, adultérios, exploração social e suas injustiças e todas as desordens sociais... Os atos pecaminosos são no homem pecador, a expressão e a exteriorização daquela força hostil a Deus e seu Reino.Todos esses pecados excluem o homem do Reino de Deus. 
   A conversão requer que lance luz sobre o pecado, contém em si mesmo o julgamento interior da consciência. Para realizar o seu trabalho deve a graça descobrir o pecado a fim de converter nosso coração e nos conferir "a justiça para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 5,20-21). Confessando ao Senhor o pecado, renuncie a sua vontade de independência, aceite deixar-se levar por Deus, deixar-se amar, renuncie ao que constitui o próprio fundo de seu pecado. Suplica a Deus que ele mesmo o "lave", o "purifique", "crie um coração puro". Para que o homem seja perdoado, não basta que Deus se digne não repeli-lo, é preciso mais! "Fazemos voltar, e voltaremos!" (Lm 5,21)O próprio Deus, portanto irá à procura das ovelhas dispersas (Ex 34) dará ao homem um "coração novo", um espírito novo, "seu próprio Espírito" ( Ez 36,26); será uma "aliança nova". O rei Davi consciente do seu pecado, de coração contrito pede a Deus misericórdia pelas suas iniquidades ( Sl 50/51).
  Converter-se a Cristo e acreditar no Evangelho- é sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência e buscar o perdão em Jesus Cristo. O homem precisa de Deus para ser ele mesmo. Só em Jesus Cristo para ser reconstruído, pela graça da salvação. 
   Reflexão: O homem  longe de Deus experimenta o vazio da alma. E para suprir este vazio, passa a comprar e comprar na busca da felicidade, mas volta para casa frustrado, com o carro cheio e a alma vazia. Nada sacia o homem, quanto mais ele possui e acumula ( sedução pela riqueza), mais vazio vai se tornando... O homem se apegou aos bens materiais, bens finitos; obstinado na prática do pecado, viola a Aliança que Deus fez com seu povo, o de seguir seus preceitos. Vive  num mundo sem a referência da moral da verdade; uma cultura  sem os valores essenciais da vida, da família e da sociedade: a carência afetiva, a crise existencial, as doenças nervosas, a violência e a insegurança se espalham e, por outro lado, o consumismo gera as diferenças sociais tão brutais, o próprio caos... "Nunca o homem teve tanto acesso a Deus e nunca ficou tão distante como agora, tantos templos, tantas igrejas, tantas definições e ideologias, e mesmo assim, o homem se afasta cada vez mais do seu Criador..."
   Para a humanidade, sem exceção, não há salvação fora de Cristo.

Fonte: As Escrituras Sagradas, a Bíblia
           VTB- Vocabulário de Teologia Bíblica, Ed. Vozes
           imagem: eu-e-jesus.jpg +1

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