terça-feira, 14 de maio de 2013

"Calar e não julgar..."

                         "Se queres encontrar a serenidade onde quer que estejas...
 
...então, em tudo tudo que fizeres, deves dizer: Quem sou eu? E não julgues a ninguém!" Apot 385 
              
    "Calar é o caminho para encontrar-se consigo mesmo,  o caminho para descobrir a verdade do coração. Todavia, calar é também o caminho para libertar-se do perigo de constantemente criticar e julgar o outro,  de nos desprendermos de nossos pensamentos e desejos, em fim, de tudo aquilo que constantemente nos ocupa. O saber largar é o caminho que permite entrar em contato com minha fonte interior, o caminho que permite descobrir a riqueza verdadeira de minha alma em Deus e, percebo que é ele que me dá tudo o que necessito para viver.

    Corremos sempre o perigo de avaliar, apreciar e criticar a todo ser humano que encontramos. Aquele que conhece a si mesmo, não julga. Pois, quem se conhece a si mesmo, não vê as falhas dos irmãos"( Apot 1011). Os patriarcas e monges exortam a permanecer em si mesmo, a confrontar-se com a própria verdade e a não julgar os outros.

     Por mais que uma pessoa jejue e trabalhe muito, de nada adianta, se fica a julgar os outros. Apenas o leva a vangloriar-se perante os outros, a satisfazer sua soberba e sua auto estima. Para aquele que, na reflexão interior encontrou a si mesmo, confrontou-se com sua própria verdade e se empenhou para não julgar o outro, para este, é sinal de crescimento espiritual que conduz a Deus, o não julgar.

    O julgamento dos outros é sempre um sinal de que a pessoa ainda não se encontrou consigo mesma. Por essa razão pessoas piedosas se irritam com os outros. Sua piedade ainda não fez com que se confrontassem consigo mesmas e com seus próprios pecados. "Se alguém carrega seus próprios pecados, não fica reparando os pecados dos outros"(Apot 510). O julgamento dos outros nos torna cegos para as nossas próprias falhas. Calar em relação aos outros nos proporciona um auto conhecimento mais lúcido e faz com que paremos de projetar as nossa falhas sobre  eles.

    Se nos observarmos, podemos ver muitas vezes, que estamos prontos a julgar os outros. Não faz sentido algum, exaltarmos diante dos pecados do outro. E vez disso, melhor seria rezar por ele e experimentar através da oração que todos somos tentados e que ninguém de nós pode garantir que poderá livrar-se dos seus defeitos. Em vez de julgar o outro deveríamos, por meio da caridade, buscar conquistá-lo para Deus.

   O verdadeiro caminho da salvação é: 'colocar minhas próprias falhas à minha frente, e, meditando, sobre elas, pedir a Deus para me perdoar'. Quem conhece a si mesmo com sinceridade, torna-se misericordioso. E sabe no fundo de seu coração, que todos necessitamos de misericórdia de Deus. E quando Deus permite que o bem triunfe em nós, isso será sempre um prestígio de sua graça".

Reflexão: O calar é pois, segundo os monges, um auxílio para deixar de lado a projeção e, em vez disso, encarar o comportamento dos outros como um espelho para nós mesmos. "Ao xingarmos os outros revelamos aquilo que está em nós mesmos. Nós projetamos nossos próprios lados sombrios, nossos desejos e necessidades recalcadas sobre os outros. O calar é a renuncia a todo tipo de projeção. Muitas vezes, faz-se necessário o exercício consciente de calar a fim de que também o coração possa calar. Muitas vezes precisamos proibir-nos expressamente de falar sobre o outro a fim de podermos vê-lo sem preconceitos".

Fonte: Do livro: 'O Céu Começa Em Você' - A sabedoria dos padres do deserto para hoje
            autor: Anselmo Grün - Editora Vozes - 13a. ed. - 2005.
            Imagem:-  imagem silêncio-cit...jpg ( para representar 'Calar e não julgar'

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